Projeto incentiva cultura para idosos
03/07/2025
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Por Carlos Fernandes, do Ongrace

Fruta mais consumida no mundo, a produção mundial da banana está ameaçada por mudanças climáticas e pelas pragas – Imagem: Lertluck Thipchai / Adobe Stock

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Se você é daqueles que não dispensam uma banana, atenção: sua fruta favorita pode estar com os dias contados. O estudo Going Bananas: How Climate Change Threatens the World’s Favourite Fruit (Como as mudanças climáticas ameaçam a fruta favorita do mundo, em tradução livre), realizado pela organização de assistência cristã Christian Aid, aponta que, se nada for feito, as mudanças climáticas arruinarão dois terços da produção bananeira no mundo até 2080.

Na prática, seria o fim da banana como produto comercial, restringindo seu consumo às regiões produtoras. Um misto de elevação da temperatura, desertificação de solos, avanço de pragas e mau uso das terras já têm afetado plantações nas Américas do Sul e Central — grandes regiões exportadoras —, assim como na Índia, China e Indonésia, os maiores produtores mundiais, e no Brasil, o quarto maior. Fruta mais produzida no planeta, a banana é cultivada em 125 países e reconhecida como um dos itens essenciais da segurança alimentar global, ao lado de trigo, arroz e milho. Por aqui, a estimativa é de que cada brasileiro consome, em média, 25 kg de banana por ano.

O documento produzido pela Christian Aid lembra que a banana é particularmente vulnerável por ser bastante sensível a mudanças climáticas. Para se desenvolver, a maioria das espécies não suporta temperaturas acima dos 30ºC e precisa de oferta moderada de água. A crise climática prejudica diretamente as condições de cultivo e contribui para a disseminação de doenças fúngicas que já estão dizimando plantações e meios de subsistência.

O chamado fungo da folha preta, por exemplo, pode reduzir a capacidade das bananeiras de realizar fotossíntese em 80% e prospera em condições úmidas, colocando as bananeiras em risco devido a chuvas irregulares e inundações. O aumento das temperaturas e a mudança nos padrões de chuva estão exacerbando outro fungo, o fusariose 4 (ou mal-do-Panamá), que é transmitido pelo solo. Segundo especialistas, ele seria o responsável pela devastação de plantações inteiras de Cavendish – popularmente conhecida como banana-nanica ou banana d’água (em algumas regiões do Brasil, chamada de banana caturra) –, a espécie de banana mais consumidaem todo o mundo.

Em entrevista ao programa Globo Rural, o engenheiro agrônomo e fitopatologista Wilson da Silva Moraes aponta que o fungo de solo atinge não só as mudas e bananeiras, mas também contamina implementos agrícolas e instrumentos de poda. “A praga entope os vasos que conduzem a seiva, impedindo o fluxo de água e nutrientes pela planta, que seca e morre”, explica ele, acrescentando que o microrganismo pode permanecer ativo no solo por até 40 anos, inviabilizando a cultura nas áreas afetadas.

Em algumas regiões, como a Amazônia, a banana-nanica, a banana-prata e a banana-maçã têm tido menor oferta – fazendo os preços de venda se elevarem– por causa de doenças e da alteração dos ciclos produtivos em função de alterações climáticas. Nos últimos cinco anos, os grandes rios da região tiveram cheias sucessivas, afetando vastas áreas de cultivo.

Diante do cenário preocupante, a Christian Aid apela aos países mais industrializados que façam uma transição consistente para outras fontes de energia sem ser os combustíveis fósseis e cumpram compromissos internacionais, como o Acordo de Paris, adotado em dezembro de 2015 durante a COP21. Por meio dele, as nações participantes se comprometeram a manter o aumento da temperatura global bem abaixo de 2ºC, com esforços para limitá-lo a 1,5ºC. Tais medidas ajudariam a controlar melhor o clima e, assim, permitir que as comunidades agrícolas tenham um mínimo de previsibilidade no plantio e na colheita da fruta mais consumida no mundo.

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