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Por Carlos Fernandes, do Ongrace

Jovens da Geração Z se preocupam pouco com o próprio futuro – Imagem: Alessandro Biascioli / Adobe Stock

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A chamada Geração Z – de nascidos entre 1995 e 2010 – não se preocupa com o futuro. É o que revelam recentes pesquisas comportamentais realizadas no Brasil, no Reino Unido e nos Estados Unidos. Para grande parte dessa turma, valores essenciais aos seus pais e avós, como a consciência de que é necessário se esforçar para crescer pessoal e profissionalmente ou a necessidade de poupar recursos para o amanhã, simplesmente não existem — ou, pelo menos, não estão no seu horizonte.

As pessoas desta faixa etária, de 15 a 30 anos, demonstram estar mais focadas em aproveitar o momento do que fazer um planejamento financeiro de longo prazo. De acordo com pesquisa realizada pela Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL), quase metade dos jovens adultos brasileiros (47%), com idades entre 18 e 24 anos, não controla as próprias finanças. O curioso é que esse quadro está representado por todas as classes sociais, inclusive entre indivíduos que não dispõem de redes de suporte familiar. O fato de estarem cercados por estímulos de consumo a um simples toque no celular e rodeados pelos apelos das redes sociais, nas quais influenciadores ostentam um estilo de vida glamoroso, marcado por viagens e compras, contribui para tal cenário.

A imersão completa no mundo digital é uma marca dessa geração, a primeira a viver exclusivamente entre as telas e os aplicativos. “Esta é a geração dos nativos virtuais”, define Thaís Giuliani, especialista em Liderança e Comportamento Geracional. Falando à Rede Brasil de Comunicação, ela ressalta que esses jovens não sabem o que é viver sem a internet. Para a profissional, isso se reflete em diversas áreas da vida, desde a afetividade até a relação com a família, passando pelos sonhos e pelas metas para o futuro.

O problema é que esse aparente descompromisso ocorre também na esfera profissional. O relatório Tendências de Gestão de Pessoas, produzido pela empresa de soluções de negócios Great People, mostra que 51,6% dos gestores do mercado de trabalho afirmam ter dificuldade para lidar com as novas gerações de colaboradores e suas expectativas no mundo corporativo. “Quando encaram inúmeras situações com as quais discordam, muitas vezes, sentem-se menos satisfeitos”, aponta o estudo.

Por sua vez, a Deloitte, empresa especializada em gestão de riscos, alerta para o fato de que práticas antes muito valorizadas, como guardar parte dos ganhos em uma poupança ou adquirir bens duráveis, como imóveis e veículos, estão sendo deixadas de lado pela Geração Z. Segundo a pesquisa realizada pela organização, o percentual de jovens em início de vida profissional que prefere gastar o que ganha com produtos ou experiências de satisfação imediata nunca foi tão elevado: 50%. A sondagem também revelou que oito em cada dez entrevistados garantem ter alguma fonte de renda (78%) em trabalho formal ou informal. No entanto, o imediatismo parece falar mais alto. “As noções de estabilidade e futuro não têm o mesmo significado para os jovens de agora”, destaca a Prof.ª Laura Cristina Quadros, vice-diretora do Instituto de Psicologia da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ).

Conquistar a casa própria, constituir família ou ter filhos são outros pontos que não despertam muito interesse nessa faixa etária. A ênfase é curtir ao máximo o que o dia de hoje oferece. Nos Estados Unidos, o Bank of America fez um levantamento semelhante com o mesmo estrato e descobriu que apenas 15% desse público guarda alguma parte dos rendimentos para planos futuros. Já entre os Z britânicos, um terço admite não ter poupado mais de 50 libras, ou 370 reais.

O estudante de Direito Yagho Coutinho, 19 anos, tipifica o perfil de sua geração.O dinheiro que recebe como estagiário no Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro (TJ-RJ) é quase todo gasto em divertimentos, como encontros noturnos com os amigos, ou com roupas. Ele mora com os pais, que custeiam moradia, alimentação, material didático e despesas com saúde, garantindo-lhe estabilidade nestes primeiros anos de vida adulta. Sobre o que espera do futuro, Yagho se diz confiante no próprio potencial, mas confessa não fazer planejamentos, seja de curto, médio ou longo prazos. “Simplesmente, vou vivendo um dia de cada vez.”

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