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30/11/2025
Por Carlos Fernandes, do Ongrace
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Apesar de indícios revelados pela imprensa de que outras questões do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) possam ter sido vazadas, o Ministério da Educação (MEC), responsável pelo concurso, manteve em três os itens anulados —até o momento. A crise no Enem 2025 preocupa autoridades do setor e revolta candidatos, que, após pelo menos um ano de preparação, sentem-se inseguros em relação aos resultados.
No dia 25 de novembro, circularam informações de que outras nove questões, aplicadas nos testes de Linguagens e Ciências Humanas, apresentavam similaridades com os conteúdos divulgados previamente pelo estudante de Medicina Edcley Teixeira, 28 anos. Investigado por fraudar o sigilo do concurso, ele se tornou o centro da polêmica dias após a aplicação das provas ao antecipar, em um curso preparatório e em grupos de WhatsApp, respostas de questões que, de fato, caíram no exame.
O caso veio à tona logo depois da aplicação da segunda prova, no dia 16 de novembro. Diversos candidatos disseram ter encontrado, nos materiais divulgados por Edcley, cinco questões quase idênticas às cobradas – o que levou o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), órgão que realiza o Enem, a anular três questões.
Em sua defesa, o suspeito afirma que, por ter participado do Prêmio Capes de Talento Universitário, conseguiu memorizar várias questões aplicadas na avaliação, usando-as depois para elaborar apostilas e treinar os vestibulandos que pagam por seus cursos e mentorias. A Capes é uma fundação federal que promove aperfeiçoamento de pessoal de Nível Superior, e parte das provas aplicadas em seus concursos são usadas no banco de questões utilizado na elaboração do Exame Nacional do Ensino Médio, com confidencialidade absoluta.
Além da grande semelhança desse material com as perguntas sob suspeita, pesa contra Edcley a divulgação de conversas de WhatsApp em que o estudante de Medicina da Universidade Federal do Ceará oferece pagamento a outros participantes do Prêmio Capes para que lhe repassassem o conteúdo das questões.
Não é a primeira vez que o principal exame de acesso ao Ensino Superior no Brasil enfrenta suspeitas de irregularidades. Em anos anteriores, outros episódios de supostos vazamentos também levaram à anulação de questões. Em 2009, o concurso foi cancelado. Dias antes de sua realização, cadernos de provas foram furtados na gráfica responsável pela impressão e estavam sendo anunciados para venda em canais clandestinos. Desta vez, o ministro da Educação, Camilo Santana, garante que não haverá o cancelamento do Enem. O caso está sendo investigado pela Polícia Federal, que já procedeu às diligências contra Edcley Teixeira – um notebook e celulares foram apreendidos em sua casa e passam por perícia, assim como os canais digitais do estudante.
