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28/12/2025
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Evangelho, esporte e transformação: a fé em campo

Por Carlos Fernandes, do Ongrace

Projetos de iniciação esportiva têm sido ferramentas importantes para o desenvolvimento social, a cidadania e o evangelismo – Imagem: Omar Ramadan by Unsplash

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Mais do que um esporte admirado por milhões de crianças e jovens brasileiros, capaz de despertar paixões e alimentar sonhos, o futebol também se consolidou, ao longo dos anos, como um importante instrumento de interação social, solidariedade e transformação de vidas. No contexto cristão, essa prática esportiva tem sido utilizada como um veículo estratégico para a expansão do Evangelho. O Brasil — reconhecido mundialmente como o país do futebol — é repleto de campos, quadras e até espaços improvisados dentro de comunidades que se tornaram cenários de ações cristãs que vão além da formação de atletas, com o propósito de formar campeões na fé e na vida.

O ex-jogador e hoje professor Rafael Azevedo, do Projeto Montanha: inclusão social e valores cristãos – Imagem: Arquivo pessoal

Com a proximidade da Copa do Mundo de 2026, o futebol volta a ocupar ainda mais espaço no imaginário popular, ampliando o interesse pela modalidade, especialmente entre crianças e adolescentes que sonham com o sucesso dentro e fora das quatro linhas. Enquanto o evento não acontece, iniciativas cristãs seguem ganhando força, reunindo jovens que encontram no mundo esportivo uma nova motivação para viver, bem como suporte social, familiar e espiritual. Em muitos casos, esses projetos são conduzidos por ex-jogadores profissionais que, após “pendurarem as chuteiras”, decidiram dedicar suas experiências às novas gerações.

Um desses ex-atletas é o Prof. Edilson Barbosa, que atuou em clubes tradicionais do futebol brasileiro, como Botafogo e América (RJ), além de passagens pelo Náutico (PE) e Paraná Clube (PR), entre outras equipes, inclusive no exterior. Atualmente, ele está à frente do Projeto Craque da Vida, ligado a uma Igreja Batista do Rio de Janeiro. Segundo Edilson, o esporte foi a ferramenta encontrada para unir sua paixão pelo futebol ao chamado ministerial como pastor.

A experiência nos campos e na fé leva o Pr. Edilson Barbosa a exercer seu ministério em conexão com o esporte – Imagem: Arquivo pessoal

“Eu queria que minha carreira me trouxesse fama e muito dinheiro”, lembra-se ele. A conversão ao Evangelho, quando tinha 26 anos e jogava pela Francana, do interior de São Paulo, mudou suas perspectivas. “Logo, entendi que meu papel no esporte não era apenas ser jogador; eu deveria usar a minha experiência e habilidade para me aproximar daqueles que não conhecem Cristo.” Após se graduar em Educação Física e concluir o seminário, Edilson passou a usar sua expertise para orientar, aconselhar e ensinar a Palavra aliada à prática esportiva. Hoje, ele realiza uma série de atividades comunitárias, que incluem futsal infantojuvenil, ginástica para idosos, caminhadas e passeios ciclísticos, entre outras ações, em Realengo, no Rio de Janeiro. “Os valores do esporte se assemelham aos do Evangelho: comunhão, perseverança, resiliência diante da derrota e manutenção da saúde física e espiritual”, pontua Edilson.

Propósito semelhante move o também ex-jogador Rafael Azevedo, responsável pelo Projeto Montanha, na zona oeste da capital carioca. “Minha carreira como atleta profissional foi curta, mas encontrei na fé cristã a força para reconstruir minha vida”, destaca. A iniciativa visa usar o esporte, especialmente o futebol, como um meio de acolhimento e evangelismo. “Queremos proporcionar um ambiente seguro, onde jovens possam desenvolver suas habilidades enquanto são expostos ao amor e aos ensinamentos do Evangelho, promovendo inclusão social e valores cristãos”, descreve Azevedo.

O Pr. Ricardo Pinudo com o craque do Flamengo Bruno Henrique: “O esporte abriu inúmeras oportunidades evangelísticas – Imagem: Arquivo pessoal

Outro exemplo dessa conexão entre futebol e fé é o ex-jogador Ricardo Pinudo, que encontrou Jesus aos 26 anos, após ser alcançado pelo ministério Atletas de Cristo. Hoje, ele atua como pastor de esportes na Primeira Igreja Batista do Recreio, no Rio de Janeiro. A conversão aconteceu de maneira inesperada, enquanto assistia a um programa esportivo na televisão. Segundo Ricardo, o testemunho constante de atletas cristãos foi decisivo para sua transformação. “Eu me converti sem nunca ter entrado em uma igreja. Aquele projeto desenvolvido por atletas crentes me alcançou.”

Pinudo ficou tão marcado pela experiência vivida que, quase 40 anos depois, usa a mesma estratégia. Os tempos como profissional em clubes como América, Madureira, Serrano e Comercial ficaram para trás, mas o ministério se expandiu em progressão geométrica. “O esporte abriu inúmeras oportunidades evangelísticas, inclusive transculturais”. Há dez anos, ele criou o ministério Craques da Paz, instituição socioeducativa que trabalha com iniciação esportiva, educação e ação social. Com apoio de craques do presente e do passado — Bruno Henrique, Everton Ribeiro, Vagner Love, Túlio Maravilha, Diego Ribas —, a organização implanta escolinhas de futebol em comunidades carentes, promove palestras, jogos beneficentes e eventos filantrópicos.

“O Craques da Paz surgiu da ideia de promover ações sociais e contribuir com a conduta do atleta, dentro e fora de campo”, explica o Pr. Ricardo Pinudo, que é autor do livro ‘Teologia do esporte’. Segundo ele, os resultados ultrapassam a prática esportiva. “Incentivamos a prevenção ao uso de drogas, a excelência nos estudos e a qualificação profissional, além de ações de saúde, combatendo o sedentarismo infantojuvenil, por meio de disciplina, hábitos saudáveis e histórias de superação.” Até mesmo os olheiros —representantes enviados pelos clubes de futebol para buscar futuros talentos — costumam acompanhar treinos e torneios promovidos pelo projeto. O mais importante, contudo, é transmitir a mensagem que transforma o ser humano por completo. “O esporte, em sua essência, tem muito a ver com o Evangelho”, conclui.

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